domingo, 30 de novembro de 2008

“Let it be”

Na noite passada pensei que precisava de uma história de amor. Coloquei no DVD e assisti a Across the Universe, filme que eu comprei na feira do livro, numa das muitas barracas mágicas que lá estavam.


O filme despertou um outro tipo de sentimento em mim, em vez da pseudo-completude amorosa romântica do tipo ‘que bom que alguém ama como eu não amo’… Senti saudade de quando eu vestia camiseta dos Beatles e comprava revistinhas sobre eles. Isso, alguns anos atrás, apenas, 3 ou 4… Eu era uma beatlemaníaca. Mas como uma beatlemaníaca de classe baixa, não tinha acesso a raridades ou afins. Curtia os cdzinhos piratas que eu comprava nas barraquinhas da Silva Bueno, aqui perto de casa.


Acabei, depois, por ganhar um cd de mp3 da ex-noiva do meu tio, com umas 200 músicas deles, das quais acabo de copiar algumas para pôr no meu tocador de mp4.
No fim do filme, lógico que o Jude fica com a Lucy (desculpe se estraguei o final), mas não foi isso que me preencheu a alma, foi sentir caindo a ficha de que as músicas deles, são, acima de tudo – e a despeito de charlatões que acham mensagens subliminares em tudo – mensagens de amor à vida e ao próximo.



Apesar de, na minha opinião, as legendas do filme serem ruins, as traduções de canções que ouvia antes mesmo de começar esse curso de inglês que se arrasta e ainda consome minha vida, essas traduções me fizeram sentir gotas de amor e esperança.
Aquele que eu julgava o maior desalento meu de então – o não possuir um amor – foi acalmado ao som de canções que embalavam minha adolescência primeira, quando eu me desesperava menos pelo amor…



Eu queria ser aquela menina, sobre a qual “se contará uma história que será que alguém ouvirá?! Aquela que você quer muito e te faz se desculpar… Oh, menina…”. Aquela menina. Eu queria ser Lucy, no céu com diamantes e o diabo a quatro. Os quatro.
O filme é bem bacana, tem até uns protótipos de Janis Joplin e Jimi Hendrix quase anacrônicos. O tempo é quase anacrônico também. Não é tempo de relógio, não tempo de psique, é tempo da vida de Jude, é tempo da vida de Lucy. É um tempo contado meandrado por essas canções tão de-amor-geral.



Acabou e eu fiquei pensando… Que saudade dos Beatles, que saudade de mim! Eu preciso é de férias, pra buscar me encontrar de novo. Antes de ficar inventando buscas por outrem, preciso reencontrar minha beatlemaníaca adormecida, minha Jacqueline original, mais doce, menos gorkaia, porque a vida é que foi me deixando assim… Parada difícil, como muitas outras… Mas eu tenho uma mãe Mary que me diz às vezes, quando tô com raiva: Let it be. And if you want a revolution, you know it’s going to be alright.


Obrigada, mãe.



P.S.: Mas ainda tenho minha camiseta velha, com a capa de Abbey Road… Ainda bem!








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